AQUILO QUE SIGNIFICAS
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(Fátima Guerra)
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Tu és o sol das manhãs
a lua das madrugadas
a sombra dos arvoredos
o caminho, a rua, a estrada
a chuva que lava a terra
o vento que varre o chão
o abrigo que me guarda
a chama de devoção...
- O que tu significas ?
Eu não sei como explicar !
Mas não mudaria nada
se eu pudesse te inventar ...
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Santos-30/10/10-17:00

QUANDO
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(Fátima Guerra)
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Quando a noite descer sobre os meus olhos,
e as estrelas se negarem a brilhar,
empresta-me, eu te peço,
o abrigo de um abraço,
a paz do teu carinho
que apaga o meu cansaço,
para que eu adormeça em ti,
até que os sonhos me despertem para a vida.
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Santos-28/10/10-22:00

A LIBERDADE DE AMAR
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(Fátima Guerra)
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O amor não toma posse,
é um laço que ata sem prender,
não se diz dono nem instala grades,
olha, zela e guarda com cuidado,
de modo a não intimidar o ser amado,
não faz subordinados nem reféns...
Assim, se amar é benção, graça ,
vida e crescimento,
mas, se em teu peito fere,
pesa, cega e traz a dor,
será, por certo, um outro sentimento,
pois nada que te faça mal
poderá ser o Bem do Amor.
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Santos-24/10/10-21:50

CRESÇAMOS
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(Fátima Guerra)
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A natureza está cheia de lições,
das quais nem nos damos conta.
As árvores, por exemplo, mostram-nos
que é preciso fincar raízes na terra, contanto
que possamos erguer os braços para os céus,
sinalizando o destino da nossa existência.
Olhemos para o alto!
Da eternidade viemos e para ela voltaremos.
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Santos-23/10/10-16:00

TORMENTA
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(Fátima Guerra)
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O vento rugia feroz, levantando
o mar em cristas furiosas. O disco da lua
diluía-se num borrão engolido pelas nuvens grossas.
Do seu pequeno barco,
à uma certa distância, ele observava o velho pier
onde a fileira de luzes balançava, dependurada
na fiação precária. Avistava a ponteira vermelha do telhado
do armazém, além da única janela acesa,
no andar superior de um sobradinho mergulhado
nas sombras, solitária presença a lhe dizer que sua mãe
esperava por ele.
Imaginava seus olhos aflitos
prescrutando o tempo, seus ouvidos atentos aos assobios
do vento, sua figura pálida sentada aos pés da cama,
mãos cruzadas sobre o colo, lábios murmurando preces...
Embora a tempestade ameaçasse
virar sua frágil embarcação, e um certo tremor
lhe arrepiasse a pele por segundos, olhando para
aquela janela acesa,ele sentiu-se seguro.
“Feliz de quem tem alguém para rezar por ele !”

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Santos-20/10/10-19:00

MELANCOLIA
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(Fátima Guerra)
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Há momentos,
em que a minha alma se esconde
entre nuvens azuis,
enrodilhada numa manta de silêncios,
peregrina numa noite quase sem luz,
quando as estrelas são faróis distantes,
pequeninos clarões intermitentes,
débeis lamparinas no infinito escuro ...
Nessas horas,
dispo as minhas asas de papel,
estendo-as como um antigo tapete
pelo céu,
e deixo a melancolia recitar seus versos,
até que eu adormeça... .
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Santos-19/10/10-00:40

A LIÇÃO DA ROSA
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(Fátima Guerra)
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Último sobrevivente do roseiral extinto,
o botão abre os olhos e exclama,
vendo o canteiro de margaridas :
“ Ó, como são lindas as minhas vizinhas !
Que gracioso saiote ostentam,
tal qual pequenas bailarinas !”
As flores silvestres
entreolharam-se boquiabertas,
encantadas com a gentileza daquela que,
em outros tempos,
trataria todas as demais como súditas desprezíveis.
O vento que passava, porém,
ouvindo tão surpreendente declaração,
velho conhecedor do caráter de todas as coisas,
decidiu por à prova tamanha simplicidade.
Soprando uma nuvem de chuva,
formou um espelho de água diante da flor,
de modo que ela pudesse ver-se refletida ali.
Dito e feito !
No exato instante em que aquele botão
reconheceu sua imagem refletida,
um pequeno grito de indignação ecoou no ar,
enquanto que as pontas de vários espinhos
empertigavam-se em seu caule esguio.
- Ó, eu sou uma rosa! – exclamou indignado,
acrescentando imediatamente :
- Como poderei sobreviver entre seres
tão inferiores a mim ?
As margaridas inconformadas
pediram uma explicação ao vento
velho e sábio.
Com sua voz grave e profunda, ele falou :
“ A simplicidade só é possível, se,
consciente daquilo que tu és
e daquilo que tu podes,
ainda assim , souberes que em nada serás melhor
do que os demais,
porque a cada um será dado seu valor,
e todos somos diferentes.
No mais, tudo terá sido apenas
a tua Ignorância ...”.
Assim se deu com a rosa.
- Pensemos sobre isso! –
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Santos-17/10/10-17:50

TEMPO
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(Fátima Guerra)
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As horas rolam devagar
sobre as esteiras dos dias
que passam depressa.
somando semanas intermináveis,
alinhavando meses que, assustadoramente,
completam anos velozes...
Se o ontem de hoje
já foi meu futuro,
e se o agora está sendo transformado
no passado de amanhã,
o momento presente é como um gigante
pisando nas bordas daquilo que já foi
e daquilo que ainda será.
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Santos-14/10/10-16:15

A CRIANÇA DE CADA UM
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(Fátima Guerra)
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A criança descobre a si mesma,
todos os dias,
e a partir de então, vai redescobrindo o mundo
ao seu redor, suas infinitas possibilidades.
Assim sendo,
apesar de todas as nossas falhas,
é certo que
Deus ainda nos olha com confiança,
visto que nos envia as crianças,
na expectativa de que possamos
aprender a crescer com elas...
Que assim seja !
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Santos-11/10/10-12:12

RECÍPROCA
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(Fátima Guerra)
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Não quero ser espelho
do teu ódio
nem incendiar a tua ira
ou retribuir teus preconceitos
nem acalentar o desrespeito,
pois ,
se eu me contaminar com os teus sentidos,
se quando gritas, eu gritar contigo,
definitivamente,
estarei derrotado,
porque tu terás vencido.
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Santo-08/10/10-18:55

A ÁGUA NA PENEIRA
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(Fátima Guerra)
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O mestre entrega ao aprendiz
uma peneira suja e velha,
pedindo que vá buscar um pouco de água para ele.
Depois de inúmeras e inúteis tentativas,
o menino volta e questiona :
“Por que me pedes para ir buscar água numa peneira,
se tudo que consigo é lavá-la,
sem reter uma gota sequer ?”
Com um sorriso de satisfação boiando
nos lábios , olhando o fundo da peneira limpa,
o ancião explica :
“Pois eu te digo,
que a sabedoria também é assim.
Não está naquilo que retemos,
mas no que passa por nós
e nos modifica para melhor”.
- Coisas que a vida ensina.-
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Santos-06/10/10-18:05

DEUS ME PERMITA
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(Fátima Guerra)
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Deus me permita,
quando eu for habitar entre as estrelas,
que eu volte à Terra como inspiração,
na forma de um poema que fale ao coração,
na cor do mar ,na luz do sol,
no arco-íris, no arrebol,
na brisa mansa a perfumar,
na noite clara de luar,
na esperança de um botão de flor,
na nota azul de uma canção de amor...
Enfim,
possa eu lembrar a fé que não desiste,
possa eu mostrar a força que persiste,
pois
a saudade: doce, linda e leve,
conta que o tempo é um momento breve,
entre o amor que levamos
e o amor que ficou,
na eternidade que compartilhamos
Santos-04/10/10-14:32

A MENINA DOS TEUS OLHOS
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(Fátima Guerra)
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Quisera ser a menina dos teus olhos
vestida de diáfano azul,
enfeitada de sol,
trazendo sorrisos de alegria e paz,
o coração lotado de ternuras,
a alma alada,
a pele impregnada de lavandas
e jasmim ...
Quisera, mas não posso.
Permito-me apenas perambular
nas madrugadas vazias dos teus pensamentos,
enrodilhada entre as nuvens
esculpidas pelos ventos,
perdida entre as estrelas,
numa lasca de lua,
tímida presença, cuja pele nua
está sob véus invisíveis,
transparentes,
numa breve esperança de que ,simplesmente,
quase de repente,
eu possa habitar o mundo dos teus sonhos.
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Santos-02/10/10-14:30